Fátima
Farias
A frieza dos números pode expressar, também, a extensão de uma imensa Saudade. Dia 19 de junho de 2016 completa exatos 20 anos, 7.300 dias e aproximadamente 175.200 horas que vi e toquei meu amado e idolatrado pai, pela última vez.
A frieza dos números pode expressar, também, a extensão de uma imensa Saudade. Dia 19 de junho de 2016 completa exatos 20 anos, 7.300 dias e aproximadamente 175.200 horas que vi e toquei meu amado e idolatrado pai, pela última vez.
Haja tempo decorrido!
Tão distante a presença física, mas ainda tão
próxima lembrança daquela fria manhã de Outono, em que me senti sem chão. E as
palavras de Artur da Távola a confirmar e ecoar: “a perda do pai é como a
retirada da rede de proteção, no momento da queda”. E aí vem o refúgio na
convicção da nossa transitoriedade terrestre e imortalidade da alma, que permitem a nossa infinita sintonia. A certeza do futuro reencontro me consola. Tudo é questão do tempo de cada um. Um dia a gente se reencontra, sim, meu amado pai.
Isso é um conforto!
Quantas coisas acontecem em 20 anos!
Quantas coisas acontecem em 20 anos!
Meu pai gostava de ler jornais e
revistas, para se atualizar dos acontecimentos. E assim já se passaram duas décadas e inúmeros fatos aconteceram, pelo mundo afora: bons e ruins. Países em conflitos,
terrorismo, violência, o nosso Brasil num caos político, imagem comprometida, mergulhado
em corrupção e crises: econômica e moral. Diante disso, aí que sinto orgulho de suas
lições de honestidade, dignidade, por meio de exemplos. E, nos seus dias finais,
recomendando aos netos para “nunca querer nada de ninguém”. Quando escuto alguém dizer que gostaria ter um pai como o de alguém, com todo respeito aos pais de cada um, meu coração vibra e agradece porque tive o privilégio de ter o melhor pai do mundo. Seus valores eram tão grandiosos que ofuscava qualquer imperfeição inerente a nós, seres humanos.
Mas continuando as notícias, meu pai,
com a partida do Papa João Paulo II, chegou Bento XVI, que renunciou, e, pela
primeira vez na história mundial, temos dois papas vivos. Assumiu o argentino Papa Francisco, que
vem encantando o Mundo, com sua assertividade, carisma, espírito ecumênico, ao quebrar
paradigmas, com sua humildade e jeito simples de ser. Um detalhe interessante é que o brasileiro ignorou sua nacionalidade, neutralizou a rivalidade, e gosta dele como se fôra um dos nossos patrícios.
O Brasil conquistou o Pentacampeonato Mundial, em 2002. Continuamos liderando, mas a última Copa, sediada no Brasil, nos encheu de vergonha. Perdemos por 7 a 1 da Alemanha, que fisgou o tetra em 2014.
O Brasil conquistou o Pentacampeonato Mundial, em 2002. Continuamos liderando, mas a última Copa, sediada no Brasil, nos encheu de vergonha. Perdemos por 7 a 1 da Alemanha, que fisgou o tetra em 2014.
As redes sociais, meu pai, vêm tomando conta do
mundo e escanteando, aos poucos, a mídia impressa. Hoje, o Oriente e Ocidente
estão conectados, em tempo real, num simples acesso ao aparelho celular. Este
também substituindo a ida aos bancos para fazer operações diversas. As crianças dão um
show de sabedoria no manuseio virtual. Parece até que já nascem com um chip,
sabendo de tudo.
Meu pai não alcançou Boa Vista virar
cidade e crescer. Algumas vezes visitei a Fazenda Navalha e, como sempre, choro de emoção ao reencontrar, em cada recanto aprazível, a energia positiva dos nossos ancestrais, em especial a da sua geração. Quantas Saudades! Sempre que vislumbro o mar, lembro-me do Senhor. Aliás, a praia do Cabo Branco continua linda e energética!
Novidade cultural: ousei estrear no mundo da literatura, publiquei o livro "Encontro com Consciências - Diálogo da unidade com a diversidade", e, lógico, dediquei ao Senhor. Mas, antes de mim, sua filha e minha irmã Socorro, enveredou na literatura, lançando dois livros de Genealogia: "Abrindo o Baú de Aninha" e "Memórias guardadas no Baú de Aninha".
A melhor notícia de todas é que nossa família cresceu e fomos presenteados, até agora, com seus três bisnetos: Alisson, Gabriel e Miguel, nossos tesourinhos.
Novidade cultural: ousei estrear no mundo da literatura, publiquei o livro "Encontro com Consciências - Diálogo da unidade com a diversidade", e, lógico, dediquei ao Senhor. Mas, antes de mim, sua filha e minha irmã Socorro, enveredou na literatura, lançando dois livros de Genealogia: "Abrindo o Baú de Aninha" e "Memórias guardadas no Baú de Aninha".
A melhor notícia de todas é que nossa família cresceu e fomos presenteados, até agora, com seus três bisnetos: Alisson, Gabriel e Miguel, nossos tesourinhos.
Mas quantas coisas acontecem em duas
décadas!
Neste ínterim, há cinco anos, minha mãe
partiu ao seu encontro, aumentando nossas doses de saudades. Agora temos dois anjos para velar por nós.
Concluo reafirmando os infinitos “quilômetros”
de saudades que nos separam, até um dia do nosso reencontro. Mas, por enquanto, meu pai, emanando apenas
sentimentos positivos, desejo-lhe evolução espiritual plena, paz e luz! Te amo imensa e eternamente, meu tesouro!
Meu
pai amava vislumbrar o mar. Herdei dele esta atração
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PARTIDA E CHEGADA
Autor
desconhecido
Quando observamos, na praia, um veleiro
a afastar-se da costa, navegando mar a dentro, impelido pela brisa matinal,
estamos diante de um espetáculo de beleza rara. O barco, impulsionado
pela força dos ventos, vai ganhando o mar azul e nos parece cada vez
menor.
Não
demora muito e só podemos contemplar um pequeno ponto branco na linha remota e indecisa, onde o mar e o céu se encontram.
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Quem observa o veleiro sumir na linha do horizonte, certamente exclamará: "já se foi".
Terá
sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O
barco continua do mesmo tamanho e com a mesma capacidade que
tinha quando estava próximo de nós. Continua tão capaz quanto antes de levar ao
porto de destino as cargas recebidas.
O
veleiro não evaporou, apenas não o podemos mais ver.
Mas ele continua o mesmo. “E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro". Assim é a morte.
Mas ele continua o mesmo. “E talvez, no exato instante em que alguém diz: já se foi”, haverá outras vozes, mais além, a afirmar: "lá vem o veleiro". Assim é a morte.
Quando
o veleiro parte, levando a preciosa carga de um amor que nos foi caro, e o vemos sumir na linha que
separa o visível do invisível dizemos: "já se foi". Terá
sumido? Evaporado? Não, certamente. Apenas o perdemos de vista. O
ser que amamos continua o mesmo. Sua capacidade mental não se perdeu. Suas
conquistas seguem intactas, da mesma forma que quando estava ao nosso
lado.
Conserva
o mesmo afeto que nutria por nós. Nada se perde a não ser o corpo físico de que
não mais necessita no outro lado.
“E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: já se foi”, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".
“E é assim que, no mesmo instante em que dizemos: já se foi”, no mais além, outro alguém dirá feliz: "já está chegando".
Chegou
ao destino levando consigo as aquisições feitas durante a viagem terrena.
A vida jamais se interrompe nem oferece mudanças espetaculares, pois a natureza
não dá saltos. Cada um leva sua carga de vícios e virtudes, de afetos e desafetos, até que se resolva por desfazer-se do que julgar
desnecessário.
A vida
é feita de partidas e chegadas. De idas e vindas. Assim, o que
para uns parece ser a partida, para outros é a chegada.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da imortalidade que somos todos nós.
Um dia partimos do mundo espiritual na direção do mundo físico; noutro partimos daqui para o espiritual, num constante ir e vir, como viajores da imortalidade que somos todos nós.
(Há quem atribua o texto acima ao espírito Victor Hugo)