sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Deus está acima das religiões


        Fátima Farias

          Aprendemos que Deus é o único Tudo. O Tudo que sabe, pode, vê e está presente em todos os lugares. Aceito esta tese. Sem pretender personalizar o Pai Supremo, criador deste imenso Universo, imagino que ele, como energia pura, vibra em cada partícula e se comunica conosco através de fatos e/ou pessoas, apontando direções. Precisamos apenas saber decifrar os sinais.
          E assim, onde menos o procurei, foi onde o encontrei: nas coisas mais simples do dia-a-dia. Ele se revela, não apenas na mãe Natureza, como um todo, mas nos gestos de alguém que nos acolhe, orienta, nos adverte, em certos momentos, mesmo sem nunca sequer nos ter visto. Quando nos deparamos com “um alguém-mensageiro” que  identificou uma situação que vivenciamos e necessitamos de um esclarecimento, ou uma Luz. São os olhos e os caminhos de Deus nos acompanhando através do outro.
         Tenho vários exemplos, mas vou citar apenas dois. Certa vez, atravessando um momento desconfortável, estava num local onde várias crianças brincavam. De repente, fui surpreendida por uma delas que me entregou uma flor e saiu correndo para continuar a brincadeira, como se tivera cumprido a mera missão, de naquele gesto, que me emocionou, me passar uma mensagem de um ente querido, tipo “acalme-se, estou aqui, vai dar tudo certo”.
         Numa outra ocasião, fui a um shopping só efetuar pagamentos. De repente, sem estar programado para aquele dia, fui atraída para entrar numa livraria, quando já estava de saída. Entendi que fôra  ali, inspirada a adquirir um livro com conteúdo ideal para oferecer as respostas que buscava naquele momento. Interessante! Era o único título, solto na bancada, como se estivesse a me esperar. Muito bom! Eu devorei suas páginas, numa leitura panorâmica, para depois aprofundar a análise na releitura.
         Há quem busque Deus na religião. Descobri que este caminho é o mais limitado, daí a advertência do título do artigo. O que existe é uma disputa de poder, na inter-relação entre as religiões, na ideia de que cada qual defende que “a minha é a melhor”, quando não nos próprios embates internos, promovidos pelos jogos políticos ou de interesses, vaidade, orgulho e egoísmo que regem os bastidores dos movimentos religiosos. Pelo menos foi o que o Papa Bento XVI advertiu, solicitando que rejeitasse estes sentimentos, reorientando-se na humildade e em direção a Deus, além de alertar sobre a “hipocrisia religiosa” e o comportamento que busca aparecer e os hábitos que procuram apenas “aplausos e aprovação”.
         O livro “Por que você não quer ir à Igreja?”, escrito a quatro mãos, por Wayne Jacobsen e Dave Coleman, este ex-pastor, trata de uma história sobre o verdadeiro sentido do amor de Deus. Segundo a obra, esta relação independe de integrar instituições religiosas. “As estruturas estão sempre ligadas a poder, competição, controle e autoritarismo. Quem conhece a vida em Deus não tem necessidade disso”, diz um dos trechos.
        A exemplo desta citação, o livro tem muitas mensagens e relatos de fatos interessantes para se refletir. Recomendo a leitura! Dando prosseguimento à tese de que a relação com Deus independe de religião, lembrar dos conflitos advindos das guerras religiosas, conhecidas contraditoriamente, como “guerra santa”.  Existe uma larga diferença entre doutrina religiosa e movimento religioso.
         Não pretendo, com isso, polemizar, muito menos questionar a importância da religião. As doutrinas religiosas, em suas essências, têm seu valor, zelam para os fiéis cultivarem o Bem e aproximarem-se do Divino. Têm seus méritos, o que não significa confundir com o próprio Deus, que está muito, mas muito acima das religiões. O fato é que ainda estamos (a humanidade) muito distantes para compreender a essência divina. Levaremos tempo, quiçá séculos, para chegarmos lá.
         Já me deparei com algumas pessoas que questionam a existência de Deus. Mesmo discordando, eu respeito o livre-arbítrio e o livre pensar, no entanto observo que não estão vinculadas à religião alguma, na condição de agnóstico, mas tem uma postura tão digna de vida, voltada à caridade, respeito e solidariedade, mais louvável que quem se diz professar um credo, ou participa ativamente  de atividades religiosas.
        - Mas afinal, quem é Deus? Onde ele está? Como chegar até ele? 
         E no itinerário desta busca me deparei com um texto, que desembocou no meu email, diversas vezes, atribuído ao professor doutor Guido Nunes Lopes (*ver currículo resumido abaixo), intitulado Religião x Espiritualidade. Considero um trabalho lógico, escrito num momento tipo uma inspiração divina, vivenciada pelo autor, que sintetiza muito bem um roteiro interessante e esclarecedor.
          Vale a pena conferir!

Religião x Espiritualidade
Prof. Dr. Guido Nunes Lopes *


A religião não é apenas uma, são centenas.
A espiritualidade é apenas uma.
A religião é para os que dormem.
A espiritualidade é para os que estão despertos.

A religião é para aqueles que necessitam que alguém lhes diga o que fazer e querem ser guiados.
A espiritualidade é para os que prestam atenção à sua Voz Interior.
A religião tem um conjunto de regras dogmáticas.
A espiritualidade te convida a raciocinar sobre tudo, a questionar tudo.

A religião ameaça e amedronta.
A espiritualidade lhe dá Paz Interior.
A religião fala de pecado e de culpa.
A espiritualidade lhe diz: "aprenda com o erro".

A religião reprime tudo, te faz falso.
A espiritualidade transcende tudo, te faz verdadeiro!
A religião não é Deus.
A espiritualidade é Tudo e, portanto é Deus.

A religião inventa.
A espiritualidade descobre.
A religião não indaga nem questiona.
A espiritualidade questiona tudo.

A religião é humana, é uma organização com regras.
A espiritualidade é Divina, sem regras.
A religião é causa de divisões.
A espiritualidade é causa de União.

A religião lhe busca para que acredite.
A espiritualidade você tem que buscá-la.
A religião segue os preceitos de um livro sagrado.
A espiritualidade busca o sagrado em todos os livros.

A religião se alimenta do medo.
A espiritualidade se alimenta na Confiança e na Fé.
A religião faz viver no pensamento.
A espiritualidade faz Viver na Consciência.

A religião se ocupa com fazer.
A espiritualidade se ocupa com Ser.
A religião alimenta o ego.
A espiritualidade nos faz Transcender.

A religião nos faz renunciar ao mundo.
A espiritualidade nos faz viver em Deus, não renunciar a Ele.
A religião é adoração.
A espiritualidade é Meditação.

A religião sonha com a glória e com o paraíso.
A espiritualidade nos faz viver a glória e o paraíso aqui e agora.
A religião vive no passado e no futuro.
A espiritualidade vive no presente.

A religião enclausura nossa memória.
A espiritualidade liberta nossa Consciência.
A religião crê na vida eterna.
A espiritualidade nos faz consciente da vida eterna.

A religião promete para depois da morte.
A espiritualidade é encontrar Deus em Nosso Interior durante a vida.


* Prof. Dr. Guido Nunes Lopes é graduado em Licenciatura e Bacharelado em Física pela Universidade Federal do Amazonas (FUAM, 1986), Mestrado em Física Básica pelo Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (IF São Carlos, 1988) e Doutorado em Ciências em Energia Nuclear na Agricultura pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo (CENA, 2001).

         Ainda temos muito o que aprender, porque a vida é um perene aprendizado, para se burilar nossas imperfeições. Agradeço e parabenizo ao professor doutor Guido Lopes, pela inspiração do brilhante texto. Por fim, a mensagem sintética em que mais identifico a relação com o Divino é assinada por Léon Denis: 

Tende como templo o Universo, como altar a consciência, como lei a Caridade, como imagem Deus”.
 
Enfim, Deus é a luz e a energia que busco, no sentido de me nortear e fortalecer, rumo ao infinito. Que assim seja!

        Praia Cabo Branco - ponto energético da capital paraibana - representando a criação divina